Carta aberta aos Bispos da Polónia da Rede Global de Católicos Arco-íris (GNRC): PROTEJAM AS VOSSAS OVELHAS

“Esperamos que, como nossos pastores, utilizem todos os meios ao vosso alcance para proteger a dignidade e os direitos humanos de todas as pessoas confiadas ao vosso cuidado, incluídas as pessoas LGBTIQ e as suas famílias”.

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É com grande preocupação que a GNRC vê um padrão que emerge das ações e declarações dos bispos da Polónia contra a nossa muito querida família LGBTIQ e, especialmente, os membros trans da nossa família.

Aos Nossos Irmãos, Os Bispos da Polónia,

Escrevemos-lhes como líderes da Rede Global de Católicos Arco-íris. A GNRC reúne organizações e indivíduos que trabalham pelo cuidado pastoral, pela justiça, pela inclusão, pela dignidade e pela igualdade para com as pessoas LGBTIQ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, intersexo, queer) e as suas famílias na Igreja e na sociedade católica romana.

Escrevemos com profunda preocupação pelas nossas irmãs, irmãos e parentes na Polónia que muito temem pela sua segurança, especialmente agora depois da reeleição do presidente Duda para outro mandato. As pessoas LGBTIQ na Polónia, com razão, temem pela sua saúde, por estarem livres de violência, pela segurança económica e pela capacidade para serem membros contribuintes da sociedade. Alguns também se sentem alienados, ou mesmo mais marginalizados, pelos sacerdotes e outros funcionários da igreja que os denunciam simplesmente pelas suas identidades.

Escrevemos para reiterar a nossa crença, seguindo o Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1931: “O respeito pela pessoa humana passa pelo respeito pelo princípio de que ‘todos devem olhar o próximo (sem alguma exceção) como “outro eu”, sobretudo tendo em conta a sua vida e os meios necessários para a viver com dignidade ‘”. Desejamos que, como nossos pastores, utilizem todos os meios ao vosso alcance para proteger a dignidade e os direitos humanos de todas as pessoas recomendadas ao vosso cuidado, incluídos aqueles que são LGBTIQ e as suas famílias. De facto, dadas as ameaças e a vulnerabilidade que porque estão a passar, esta comunidade necessita especial cuidado, apoio e defesa dos líderes da nossa igreja.

A situação civil no vosso país significa que as pessoas LGBTIQ polacas se encontram entre as mais vulneráveis do mundo. Os defensores dos direitos humanos e as pessoas de boa vontade de todo o mundo estarão atentos ao que se desenrole na Polónia nos meses e anos vindouros. Exortamo-los agora a fazer da proteção dos direitos humanos e do cuidado pastoral adequado das pessoas e famílias LGBTIQ uma prioridade para a Conferência Episcopal da Polónia. Com alguns dos nossos grupos de membros e amigos na Polónia, gostaríamos de vos oferecer o nosso apoio e colaboração para oferecer este cuidado ou ajudar a abordar as necessidades de segurança das pessoas ou famílias.

Rezamos por justiça, por paz e por oportunidade para que cada indivíduo viva a sua individualidade de uma maneira que reflita o amor divino neste mundo. Oramos pelo vosso ministério, pelo vosso serviço e pela vossa liderança e pelas formas como trabalham para levar a cabo o reino de Deus.

Em Cristo,

Ruby Almeida        Christopher Vella

Codiretora              Codiretor

Nota: Esta carta aberta foi enviada a 23 de agosto de 2020, individualmente para o endereço eletrónico público de cada bispo da Polónia. Durante a mesma semana, a Conferência Episcopal Polaca entregou um documento muito nocivo (versão só disponível em Polaco) e duro pedindo aos católicos LGBTIQ que se submeteram à chamada “terapia de conversão” e às instituições do estado para apoiarem esta abordagem nociva e medicamente desacreditada. Em resposta, agora devemos atualizar a nossa mensagem original com um breve apêndice: “Portanto é uma enorme fonte de tristeza conhecer agora o recente relatório da Conferência Episcopal Polaca, que causou grande preocupação e ansiedade nas nossas comunidades. Apoiamos as nossas comunidades LGBTIQ na Polónia e na Europa que agora estão a trabalhar juntas para desafiar e responder a este novo documento tão nocivo, que é contrário aos ensinamentos da Igreja que é tratar todas as pessoas, especialmente as pessoas LGBTIQ, com respeito, dignidade e compaixão”.